segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A integração das TIC no processo de ensino-aprendizagem: uma opção ou uma necessidade?

De modo a equacionar a importância da integração das TIC no processo de ensino-aprendizagem é necessário analisar a evolução da escola e das novas tecnologias, como também os problemas associados à sua utilização. O termo TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação), “refere-se à conjugação da tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das telecomunicações e tem na Internet e mais particularmente na World Wide Web a sua mais forte expressão” (Miranda, 2007, p. 43).

Os sistemas escolares não superiores, enquanto sistemas dirigidos às massas surgem apenas no século XIX, resultado da Industrialização e da necessidade de proteger as crianças de serem exploradas como mão de obra barata (Figueiredo, 2000). Comparativamente, no início do século XXI, a preocupação incide na obtenção e construção do conhecimento e da sua transformação em atividades sociais integradas (Figueiredo, 2000). No entanto ainda hoje a escola apresenta caraterísticas mecanicista, nomeadamente as campainhas que tocam de hora em hora, a disposição das mesas, a apresentação de temas fora de contexto, a instrução de ouvir e responder, a memorização e reprodução de textos, os currículos nacionais rígidos, atitude dos professores e consequentemente a transformação do conhecimento em produto material (Figueiredo, 2000).

A globalização e o desenvolvimento científico e tecnológico, verificadas no campo da informação (Fidalgo, 2009) permitiram que gerações mais novas, especialmente os alunos, facilmente usufruíssem das novas tecnologias, seja de forma social, lúdica ou de carácter formativo (Paz, 2008). "Falar de novas tecnologias é falar do computador pessoal, cada vez mais portátil, dos telemóveis que são muito mais do que isso [...], dos videojogos, pólo de eterna discussão sobre as suas virtudes educativas ou de como ligar a aprendizagem ao lúdico, das aplicações informáticas utilizadas com fins educativos, das plataformas de gestão da aprendizagem (...), que permitem o alargamento do espaço e tempo de aprendizagem para além da tradicional sala de aula e, em especial, da Internet” (Paz, 2008, p. 2). A adaptação das escolas não deve passar apenas pela integração dos novos media mas também pela atualização das aprendizagens (Figueiredo, 2000), uma vez que verificamos frequentemente a divulgação de conteúdos educativos sem considerar que o seu significado está dependente do contexto de interação e atividade (Figueiredo, 2000).

São os professores mais velhos que apresentam uma maior resistência na utilização das novas tecnologias, quer pela dificuldade na sua utilização, pela falta de diligência em reformular conteúdos, estratégias e materiais didáticos, ou pela falta de recursos que persiste nas escolas (Paz, 2008). Segundo Botelho (2006), todos os avanços e desenvolvimentos científicos e tecnológicos constituem mudanças significativas na sociedade, pelo que é da responsabilidade da Educação, e consequentemente dos professores, “assegurar a todos os estudantes as aprendizagens e competências que lhes permitam participar plenamente na vida social” (Botelho, 2006). Paz (2008) realça que a utilização de novas tecnologias ou a falta de uso das mesmas não é um indicador de bons ou maus professores, no entanto consideramos que a integração das TIC no processo de ensino-aprendizagem é uma necessidade, visto que a nova geração de alunos denominados de nativos digitais, possuem características que não são compatíveis com método de ensino arcaico, uma vez que estão acostumados a processos de busca de informação mais autónomos (Gomes & Carvalho, 2008).

O uso das TIC na dinamização das aulas, nomeadamente o uso de plataformas online, como o Moodle, os quadros interativos, os projetores de vídeo, a televisão e a Internet, proporciona uma maior variedade de estratégias de ensino permitindo que o aluno tenha um papel ativo na sua aprendizagem (Fidalgo, 2009). Contudo, realçamos que as TIC devem ser consideradas como um complemento ao ensino, tendo em conta que a utilização da Internet não substitui a capacidade de interpretar e de refletir sobre a informação encontrada (Paz, 2008). Por esta razão o professor deverá encarar um papel de mediador. Em casos de infoexclusão em que famílias por razões económicas, geográficas ou pessoais não têm conhecimento, que por sua vez origina na falta ou impossibilidade de acesso a informação, nomeadamente através das novas tecnologias de comunicação, como a Internet (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013), é necessário o uso da flexibilização como estratégia, respeitando os tempos individuais de aprendizagem de competências (Fidalgo, 2009).“O maior desafio dos novos media é […] o de construir comunidades ricas em contexto, onde a aprendizagem individual e colectiva se constrói e onde os aprendentes assumem a responsabilidade, não só da construção dos seus próprios saberes, mas também da construção de espaços de pertença onde a aprendizagem colectiva tem lugar.” (Figueiredo, 2000, p. 3)

Bibliografia

Botelho, F. (2006). Textos e literacias . Setúbal na Rede, 1-3.

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. (2008-2013). Infoexclusão. Obtido de Priberam : http://www.priberam.pt/dlpo/infoexclus%C3%A3o

Fidalgo, P. (Março de 18 de 2009). O Ensino e as Tecnologias da Informação e Comunicação. Setúbal na Rede, 1-2. Obtido de Setúbal na Rede: http://setubalnarede.pt/

Figueiredo, A. D. (2000). Novos Media e Nova Aprendizagem. Novo Conhecimento/Nova Aprendizagem, 1-3. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Gomes, T. S., & Carvalho, A. A. (2008). Jogos Como Ferramenta Educativa: de que forma os jogos online podem trazer importantes contribuições para a aprendizagem. Actas da Conferência ZON | Digital Games (pp. 133-140). Braga: Universidade do Minho.

Miranda, G. L. (2007). Limites e possibilidades das TIC na educação. Revista de Ciências da Educação, 41-50.

Paz, J. (17 de Abril de 2008). Educação e Novas Tecnologias. Educação Setúbal na Rede, 1-2. Obtido de Setúbal na Rede: http://setubalnarede.pt/

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